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O Método Bullet Journal

Estava um dia bisbilhotando o site da Amazon quando me deparei com a obra de Ryder Carroll (@bulletjournal) em promoção. A sinopse do seu livro, o Método Bullet Journal, afirmava que todas as técnicas criadas para esse sistema, misto de agenda com diário, iriam aprimorar o foco e a produtividade de quem aplicasse o método.

Meu primeiro contato com o Bullet Journal foi pelo Instagram. Sou artista gráfico e gosto de acompanhar o trabalho de ilustradores por todo mundo. Notei que muitos designers fizeram sucesso utilizando a técnica de lettering (caligrafia artística) em Bullets Journals. O caderno, inicialmente focado nas anotações do dia a dia, tornavam-se lindas obras nas mãos desses artistas.

Mas o que me atraiu inicialmente não foram as belas palavras serifadas, foi a promessa de algo que venho tentando aprimorar a cada dia: o hábito da anotação em prol da produtividade.

Todo mundo sabe que esse mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) faz surgir rapidamente novos desafios, exigindo adaptabilidade ao excesso de informações. Estar em estado flow (alta concentração) é quase impossível, mas essencial para a produtividade.

Com essa justificativa, adquiri o livro de Carroll e me propus a estudar o seu método. Em sua obra, Carroll diz que o ideal é ficar três meses dedicados no seu caderno, para melhor adaptação da técnica.

Isto posto, quatro meses e 80 páginas de anotações depois, segue meu relato de como o Bullet Journal me influenciou nesse período.

É importante frisar que muitas das técnicas podem não vir a ser útil para todos. O próprio autor diz que o método é altamente adaptável e que suas orientações servem como um norte para o início da prática. O objetivo principal é incentivar a cultivar o hábito de anotar tudo o que passa ao nosso redor, seja pessoal ou profissional.

Porém, darei duas dicas que irão auxiliar a evitar frustração a curto prazo, permitindo que se dê uma chance maior ao método:

  • O autor escreve que qualquer caderno pode ser utilizado. Mas, por experiência própria, aconselho os quadriculados ou, preferencialmente, os pontilhados, chamados de “pontados” (ou dotted). Será necessário criar tabelas e gráficos em algumas ocasiões (nada complicado, faz parte da reeducação em anotar) e esses tipos de cadernos são perfeitos. Existem até cadernos próprios para o Bullet Journal, basta procurar nas grandes papelarias.
  • Inspire-se, mas não siga como padrão os artistas do Instagram. O método é para te ajudar a se organizar melhor e não se tornar um grande ilustrador. Usar como referência o trabalho desses calígrafos é interessante, mas não tente imita-los. Vai gastar papel e desperdiçar grande tempo em algo que propõe justamente o contrário.

Quando comecei, gastei três cadernos, além de recomeçar várias vezes o método, justamente por não utilizar as dicas acima. Quando priorizei o perfeccionismo, flertei muito com a frustração. O foco do Bullet Journal é ser prático!

Após “pegar no tranco”, utilizei o método muito próximo do que ensinado no livro. Foram pouquíssimas as adaptações que fiz no meu bujo – forma carinhosa que a comunidade chama o Bullet Journal -. No final, devo dizer que hoje me sinto muito mais motivado em anotar tudo, desde reuniões até as listas de tarefas corriqueiras, gerando maior produtividade, excluindo demandas desnecessárias.

Mas o que tem de tão especial nesse método?

Basicamente, o autor capitula assuntos e se utiliza de símbolos que garantem o entendimento em uma rápida visualização da página, o que facilita no entendimento do que é tarefa, evento e até qual assunto foi postergado.

Uma regra que pode até parecer ridícula, mas que 90% das pessoas não fazem em seus cadernos de anotações é a de numerar as páginas. A primeira página que o livro orienta a montar em seu bujo é a do índice. Isso auxilia muito na organização, evitando que você se perda na quantidade de anotações que fará no dia a dia. Quantos cadernos não tivemos dificuldade de encontrar algum assunto que escrevemos correndo em uma aula ou reunião?

Na página seguinte, seu caderno deve reservar duas folhas para Eventos Futuros. Nessas folhas, serão desenhadas doze colunas, representando os meses do ano. Tratam-se de páginas de planejamento, onde anotaremos fatos marcantes para cada período especifico: viagem de férias, aniversário de um ente querido, o show que gostaríamos de ir… Isso garante que, quando iniciarmos as anotações do mês corrente, poderemos consultar essas páginas para organizar nossas ações.

Virando essas páginas, o livro orienta a produzir o calendário do mês vigente, chamado pelo autor de Registro Mensal. É necessário reservar duas páginas para isso. Na folha da esquerda, colocaremos os dias da semana, em uma linha vertical, uma abaixo da outra. Na outra página, as ações específicas daquele dia. Exemplo: na esquerda, ao lado do símbolo “3D” (dia três, domingo), anotamos que acontecerá uma reunião de um projeto importante. Os detalhes como local, hora e convidados, serão descritas na página da direita.

Após essas duas páginas de calendário, você já pode iniciar suas anotações de duas maneiras: com as anotações diárias (Registro Diário) ou com uma nova coleção.

As anotações diárias são basicamente tudo o que acontecerá no dia. Pode ser desde uma lista de afazeres no trabalho até um evento importante. Tudo deve ser anotado. Lembra que comentei dos símbolos? O livro sugere os seguintes:

• Pontinho preto para tarefas;

– Traço para anotações;

º Pontinho sem preenchimento para eventos;

> Para compromisso adiado proximamente;

< Para compromissos adiados para datas mais longínquas, como o próximo mês ou trimestre.

Mas talvez você queira dividir as anotações por temas específicos, como trabalho, estudo ou suas próximas viagens. Isso o método chama de Coleção. Pulamos uma página e nomeamos com o título do projeto em questão. Mantemos as anotações utilizando os símbolos acima, mas sempre com foco na coleção criada. Podemos fazer quantas coleções quisermos. O hábito de anotar diariamente ajudará a identificar qual tema não necessita tanto de sua atenção. Coleções com poucas anotações são distrações que atrapalham o nosso foco. Com o tempo, as coleções ficarão reduzidas, e identificaremos quais as ações necessitam de mais atenção em nossas vidas.

Existem dezenas de outras técnicas que o livro se preocupa em explicar minuciosamente. Em alguns momentos, o autor faz parecer que o bujo é algo que mudará completamente sua vida, parecendo um livro de autoajuda. O que posso relatar com convicção é que minhas anotações ficaram muito melhores. Me animo em abrir o caderno diariamente e não deixo passar nenhum acontecimento do dia. Tenho maior controle das minhas ações hoje do que antes.

O simples ato de escrever melhora muito a nossa concentração. Estamos condicionados a ficar na tela de um smartphone e utilizar diversos aplicativos ao mesmo tempo. A quantidade de avisos e tentações que as redes sociais disparam na tela faz com que tenhamos muitas distrações, nos distanciando de nosso foco.

Um simples caderno pode reunir todas as funções que necessitamos para nos organizar, sem a necessidade de instalar e testar diversos aplicativos de produtividade.

Mas isso não significa que devemos voltar a idade média e abandonar a tecnologia. Muitos aplicativos podem ser adaptados a sua rotina de anotação, permitindo que as ações descritas nas páginas do bujo possam ser aplicadas com mais eficiência.

Que eu lembre, nunca preenchi tantas páginas de informação em um caderno como na época da faculdade. Com isso, tenho todas as minhas atividades organizadas, identificando o que é mais importante a se fazer e evitando a procrastinação.

Não vejo a hora de iniciar o meu próximo bujo!

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